S.S.R

Gabriel Sawaf
5 min readJul 23, 2023

--

Esse menino feio aí realizou um sonho e nem sonhava quantas vezes iria realizar o mesmo sonho

Hoje é domingo, 23 de julho de 2023. Pela primeira vez estou em Campinas e vivo um dia caótico. Minha carteira ficou no ônibus e quase perdi ela. No meio da correria em meio aos caos, perdi meu inseparável fone, que havia comprado há uma semana no Tietê por um valor bem mais em conta do que o que o seu substituto daqui de Viracopos, e ainda não consegui despacahar a minha bagagem.

Realmente, não era assim que eu esperava abrir este texto. Sim, eu já venho pensando tem algumas semanas em fazer ele enquanto estivesse no Aeroporto esperando 13h para embarcar rumo à um sonho que vou realizar pela quarta. Bom, ninguém poderia prever (quer dizer, talvez minha mãe, ela sabe que eu não sou tão confiável assim nessas horas) que a manhã seria tão movimentada assim.

Mas o que posso garantir para quem está lendo isso aqui é que, nem nos meus melhores sonhos, o Gabriel Sawaf de13 anos, vulgo Sawafinho ou Placarzinho, imaginou que as letras J-M-J, que ele conheceu graças ao belíssimo trocadilho: “o Sidney vai para Sidney”, iriam marcar tanto a sua vida. Ainda luto com minha memória para cravar que conheci a Jornada na mesma data da final da Champions de 2008, mas isso é o menos importante agora.

O fato é que o Sawafinho ficou encantado e queria viver aquilo logo. Quando entrei no GRUIJIC, em 2009, o pessoal filmava tudo para mandar para Madrid, local da JMJ de 2011. Eu era muito novo, nem cogitei ir. Apesar de próximo, parecia algo bem distante. Bom, quando anunciaram que a seguinte seria no Rio não pareceu algo tão distante assim.

Logo me aprontei, não queria perder essa oportunidade de forma alguma. No entando, o grupo do GRUJIC para a viagem não vingou, e tive que ir por mim mesmo, graças a minha vó. Talvez por isso o “gosto” de se preparar para a JMJ não teve o mesmo peso dos demais. Senti algo mais forte em fevereiro de 2013, na passagem dos ícones por Curitiba, e uma semana antes, quando conheci pessoas maravilhosas e me alimentaram de tanta coisa que eu não sou capaz de descrever aqui.

Na época, eu relatei assim no dia que eu embaquei:

“Alguns anos atrás, Deus me mostrou algo chamado JMJ, e acabou virando um sonho meu participar. Tinha 13 anos ainda, mas minha vontade era de ir na próxima (2011). O tempo passou, e não deu certo minha ida para Madrid, mas acompanhei e soube que a próxima Jornada seria no Rio de Janeiro, na minha terra, no meu País, mais perto de mim. Minha vontade de ir triplicou, e com o passar do tempo a vontade só crescia. Ao longo dos anos, muita coisa deu errado, coisas que poderiam prejudicar minha, mas meu foco para ir era grande e Deus não deixou isso tudo me abalar. Perto da ida, Deus me colocou em um grupo de pessoas maravilhosas para me preparar para a viagem, e isso aumentou muito a minha força, muito minha fé. Agora, estou aqui, com malas prontas, frio na barriga para viajar, e só uma coisa importar: RIO DE JANEIRO AI VOU EU! PARTIU JMJ!”

A ficha caiu, o sonho era real

O frio na barriga foi recompensado com a melhor experiência da minha vida até então. O sonho foi dobrado, a vontade era de ter um momento assim por ano, por mês, por semana, sei lá.

Dez anos se passaram, muita coisa ficou diferente. A faculdade virou um diploma, pessoas especiais foram embora e a JMJ apareceu mais duas vezes na minha vida, na Polônia e no Panamá. Ao contrário da primeira vez, tudo em grupo, com arrecadação, muitas aventuras, alegrias, decepções, vitórias, derrotas. Enfim, tudo que uma grande jornada, cada qual com seus próprios sentimentos e significados.

Chegou 2023. Devido as experiências anteriores e conclusões tiradas unicamente pela minha cabeça, sem qualquer problema com terceiros, eu decidi voltar a estaca zero. Sem grupo, sem pacote, sem nada, só eu e Deus, confiando no alto potencial de interação destes eventos.

Talvez por estar novamente lidando com tudo sozinho (desta vez tudo por conta do meu trabalho), quer dizer, junto com minha mão, a expectativa com a Jornada foi parecida com 2013. Pelo cansaço do emprego e outras questões, estava mais ansioso pelas férias e não pela viagem. Mas bastou colocar os pés no primeiro ônibus de viagem que o sentimento de querer cruzar o oceano já chegou.

Enquanto desfrutava de um merecido descanso na cidade que acolhi como terinha, a cabeça já puxava memórias vividas, expectativas e resoluções de burocracias. Talvez tudo isso tenha culminado neste texto, não sei.

O que mais toca o coração neste momento é a palavra sonho. O sonho de um menino de 13 anos era ter a oportunidade de participar deste evento mágico. O de 18 era de participar de novo, só que com amigos (desde o começo). O de 21 era proporcionar a todos vivenciar tudo que acontece numa Jornada. O de 23 talvez fosse não levar tudo tão a sério e curtir com tudo tais momentos. O de 28 só quer viver enquanto é possível isso.

Três anos atrás eu não saia da quadra da minha casa. A JMJ havia sido adiada em um ano e ninguém sabia o que esperar do futuro. O medo da doença e de quem pregrava como líder da desgraça ameaçavam a simples possibilidade de ter um sonho. Talvez naquele momento o sonho fosse só poder sonhar como antes, o que aconteceu, graças a Deus.

Um amigo meu lançou um álbum esses dias que tem o nome “S.S.R”, que significa “Sonhos são reais”. Os anos passam, eles mudam, acontecem, não acontecem. Provavelmente o Sawaf de dez anos atrás ficaria triste ao saber que a vida profissional dele não foi da forma que ele sonhava naquele tempo, além de outros sonhos que ficaram pelo caminho. Porém, as realizações tomariam conta das revelações e, certamente, quatro idas à JMJ seriam motivo de alegria.

Antes de chegar à Viracopos, uma jornadinha com três paradas e alguns perrengues

Cada experiência é única. Lisboa vai me trazer algo que Panamá, Cracóvia e Rio de Janeiro não me trouxeram, assim como não me trará algo que as outras me trouxeram.

Enfim, são várias coisas que eu sonho ainda para minha vida, mas quanto a isso, eu só espero poder ter mais oportunidades de poder escrever textos enquanto aguardo um embarque para algum lugar do mundo em que me encontrarei com milhões de jovens para compartilhar e festejar a nossa fé.

--

--

Gabriel Sawaf

28 anos. Jornalista. Curitiba. As vezes me sinto na obrigação de escrever o que sinto por aqui.